Cerveja Trapista? Cerveja de Abadia? Cerveja de Mosteiro? Cerveja de Mosteiro, Trapista, ou de Abadia?
Quando se fala em cervejas, em especial as que seguem a Escola Belga, é muito comum a dúvida: Cerveja Trapista? Cerveja de Abadia? Cerveja de Mosteiro? Cerveja de Mosteiro, Trapista, ou de Abadia, é tudo a mesma coisa?!? Há como diferenciá-las?
Os termos são semelhantes, mas no mundo cervejeiro remetem à significados de certa forma distintos.
Poderíamos arriscar dizer que: “Toda cerveja Trapista é de Abadia, mas nem toda cerveja de Abadia é Trapista!”.
As cervejas trapistas são cervejas feitas de acordo com as premissas religiosas dos monges beneditinos da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, uma congregação católica que obedece à Regra de São Bento – mais conhecida como Ordem Trapista. Em resumo esta ordem, pregava (e ainda prega) uma vida voltada à obediência, ao silêncio e à renúncia, tendo como lema ora et labora (“reza e trabalha”). Para nossa alegria… um destes trabalhos é o de fazer cerveja!
Deliciosas, as cervejas produzidas nos mosteiros vinculados à Ordem Trapista logo ganharam fama, e com isto, diversas cervejarias tentaram imitar ou vincular o termo “Trapista” às suas cervejas, no intuito de remeter o termo a um tipo ou estilo de cerveja, de forma propositalmente errônea.
Tal confusão foi solucionada por volta de 1962, em virtude de uma lei da Câmara Belga do Comércio, a qual decretava que cerveja trapista seria somente aquela que é produzida por monges cistercienses, e não uma cerveja no estilo trapista. Estas últimas deveriam ser denominadas “Cerveja de Abadia”.
Sendo assim, podemos dizer que:
- Trapista não é um estilo, e sim uma denominação controlada de origem.
- Para ser considerada Trapista, a cerveja precisa ser fabricada em um dos mosteiros da Ordem Trapista, seguindo estritamente determinados preceitos. Há um selo de denominação de origem, para fins de identificação.
- Cervejas que não são fabricadas nos mosteiros da Ordem Trapista, mas seguem os métodos de fabricação similares e acompanham a linha de estilos considerados, são denominadas Cervejas de Abadia. Podem inclusive conter tal designação no rótulo.
Atualmente são 11 Cervejarias Trapistas no mundo, em efetivo funcionamento, embora 18 mosteiros componham a Associação Trapista Internacional.
Entrando em detalhes, duas delas receberam autorização para usar o selo no final de 2013: na Holanda, a Zundert Trappist, e nos Estados Unidos – primeira e única até o momento fora da Europa – a Spencer Trappist Ale.
Estas duas anteriores somam-se hoje com outras nove: as belgas Achel, Chimay, Orval, Rochefort, Westvleteren e Westmalle, a austríaca Stift Engelszell, a holandesa La Trappe e ainda a francesa Mont des Cats,
Os estilos fabricados mais comuns são: Single, Dubbel, Tripel, Blond Ale, Belgian Pale Ale, Pale Strong Ale e Strong Dark Ale. Existem outros, como Quadruppel, Bock, Witbier… alguns muito raros, outros nem tanto.
De certo modo, todos eles possuem características comuns:
- são de alta fermentação (Ales), fabricadas em temperaturas mais elevadas (entre 18º C e 26ºC);
- condimentos e diferentes tipos de açucares também são frequentemente utilizados;
- muitas delas são mais alcoólicas (6,0 a 9,5% ABV) e é raro o aroma de lúpulo.
Ficou mais fácil? Agora você já sabe a diferença entre cervejas Trapistas e de Abadia.
Aproveite e deguste, são realmente deliciosas!