O que é cerveja e um pouco de história
Referências às bebidas fermentadas existem a milhares de anos, desde a época dos sumérios, egípcios e diversos outros povos. A cerveja, especificamente, é relatada como sendo a primeira bebida fermentada produzida pelos seres humanos, embora naquela época fosse um pouco diferente do que é nos dias atuais. Até mesmo J.C. (J.C. = Jesus Cristo…) teria convertido água em cerveja. Sim… não fora água em vinho, e sim em cerveja! Segundo alguns estudiosos, as sucessivas traduções dos textos em aramaico e hebraico resultaram em deturpações dos termos utilizados, levando-nos a relacionar muitas das referências históricas à cerveja ao seu primo vinho. O pão e vinho da missa católica na verdade, em tempos remotos, seria algo na linha “pão e cerveja”, bem interessante, não?!
É provável que nossos amigos do Vem da Uva discordem veementemente disto, mas o contexto histórico e as fontes são favoráveis (risos!). Brincadeiras à parte, o líquido precioso que conhecemos hoje como cerveja era muito diferente naqueles tempos.
A palavra latina “bibere”, que significa beber, após transformações semânticas, passou ao termo “bier” que significa cerveja, em alemão. Na mitologia latina, “Ceres” era conhecida como a deusa da agricultura. Por isso, acredita-se que a palavra “cerevisia” tenha origem deste nome e, certamente, desta raiz derivam as palavras cerveja (Português) e cerveza (Espanhol).
Outras inúmeras denominações pelo mundo são: beer (Inglês), zito (Grego), piva (Russo), pivo (Tcheco), Õl (Sueco e Dinamarquês), biru (Japonês), birra (Italiano) e bière (Francês)…
Mas afinal, o que é cerveja? Eis uma questão simples, e ao mesmo tempo complexa de ser respondida.
Relativamente simples na formulação em um primeiro olhar descompromissado, extremamente complexa na fabricação, aromas, histórias e segredos. De uma forma bem genérica, hoje podemos dizer que a cerveja é uma bebida produzida a partir de cereais malteados, água, lúpulo e levedura. Porém, há uma infinidade de estilos de cerveja ao redor do mundo, sendo esta tão extensa quanto à criatividade dos nobres mestres cervejeiros, complementada pela adição de cereais não malteados, frutas, ervas, leite, chocolate… a lista é extensa.
Na Antiguidade, para elaboração da cerveja usava-se toda espécie de ingredientes como: folhas de pinheiro, ervas em geral, cerejas silvestres, entre outros. Certamente o uso indiscriminado de alguns destes ingredientes, às vezes desconhecidos, em determinadas ocasiões deve ter sido fatal ou ao menos causado um grande mal estar.
Até praticamente ao fim da Idade Média, a cerveja européia dividia-se pelo emprego de distintos aromatizantes, plantas silvestres, como o mirto generalizado na região escandinava, mas proibido na Inglaterra, ou o gruyt (um composto de ervas aromáticas) utilizado noutras regiões do norte da Europa. O lúpulo (humulus lupulus), conhecido sobretudo na Europa central, viria a destacar-se como aromatizante de superior qualidade e pelas notáveis propriedades anti-sépticas e conservantes.
A fim de garantir um padrão de qualidade das cervejas – e integridade física dos bebedores! – (não esquecendo as motivações políticas de minimizar o domínio do clero sobre o gruyt e consequentemente sobre a cerveja), o Duque Guilherme IV da Bavária (Alemanha) decretou uma regulamentação sobre a fabricação de cerveja, conhecida como Lei Reinheeitsgebot de 1516. Esta é a lei mais antiga do mundo sobre a manipulação de alimentos e determinava que a cerveja só pode ser produzida a partir da cevada, do lúpulo e da água.
Aos curiosos de plantão, naquela época, ainda não era conhecida a ação dos microorganismos fermentescíveis na fabricação da cerveja – por isso, o ingrediente não constava na lei – sendo que foi introduzido mais tarde.
Com a exigência do uso do lúpulo após a promulgação da Lei Reinheeitsgebot, a cerveja tomou corpo e sabor muito próximo ao que saboreamos hoje em dia. É claro que não estamos sequer arranhando a superfície do polêmico e extenso tema relacionado aos variados estilos de cerveja e adjuntos utilizados na fabricação, que temos atualmente. Isto fica para uma próxima postagem.
1 Comentário
Parabéns Diogo.. Acabei de descobrir porque a família Piva gosta tanto de cerveja…