A Bênção da Cerveja
Já é sabido que a cerveja possui uma íntima ligação com as civilizações, e de forma bem estreita com o sagrado, independentemente da crença ou da época.
Na Babilônia, assim como no Antigo Egito, era considerada uma bebida sagrada, alimento, medicinal, e uma nobre oferenda aos Deuses.
Na Idade Média, monges e freiras produziam cervejas nos mosteiros, como forma de alimento, remédio e renda, oriunda da venda para viajantes e para a nobreza. Estudavam décadas e décadas os processos e a magia, a arte e a técnica de produção. E mais, sendo considerado um alimento sagrado, no período de jejum a bebida (também chamada de pão líquido) era permitida.
Tamanha a importância dada, havia até mesmo um Ritual de Bênçãos por parte da Igreja Católica específico para a cerveja. A bênção da cerveja sempre constou no Ritual das Bênçãos, até ser retirada após o Vaticano II, quando foi “incorporada” pela bênção genérica para alimentos.
Para quem tem curiosidade em saber como era esta bênção, transcrevemos uma versão em Português. Antes de aspergir o barril ou tonel com água benta, o sacerdote proferia a seguinte oração:
“[…] V. A nossa proteção está no nome do Senhor.
R. Que fez o céu e a terra.
V. O Senhor esteja conosco.
R. E contigo também.
Abençoai, Senhor, esta criatura, a cerveja, que da riqueza do grão vos dignastes produzir do melhor lúpulo, para que seja remédio saudável ao gênero humano. Concedei que, pela invocação do vosso santo Nome, todos o que dela beberem recebam a saúde do corpo e a firmeza da alma. Por Cristo, nosso Senhor.
R. Amém. […]”
Em alguns lugares da Europa, onde a tradição cervejeira é muito forte e faz parte da cultura em todos os sentidos, a Bênção da Cerveja ainda é realizada, inclusive acompanhada de festividades.
Hoje, não importa a crença, etnia ou classe social, a cerveja continua a ser uma bebida ligada à alegria, saúde – se de boa qualidade principalmente e consumida com moderação, e sagrada. Sagrada na essência da palavra, pois por mais que se aprimore a técnica, muito há de arte e de magia em sua elaboração.
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Um fraterno Abraço,
Diogo Quirino Buss