Não precisamos nem comentar que adoramos boas cervejas. Mas você sabia que a cerveja foi e ainda é fonte de muito estudos e pesquisas, e que contribuiu muito para o progresso tecnológico da humanidade?
Confira a seguir nove grandes invenções da humanidade que surgiram devido à cerveja (ou em grande parte graças a ela):
- Sistemas de irrigação:
Os famosos sistemas de irrigação do Egito Antigo, Mesopotâmia e em diversos povos da antiguidade surgiram dentre um dos principais motivos para permitir o cultivo em áreas mais extensas da cevada, dada a importância da cerveja para estes povos. A bebida era considerada sagrada, sendo utilizada como remédio, oferenda aos deuses, alimento e até mesmo como moeda de troca.
- Arado:
Um dos símbolos da revolução agrícola, o arado surgiu da necessidade de expansão do cultivo de duas importantes matérias primas para a produção de cerveja: o trigo e a cevada. Tal invento permitiu a expansão de outras culturas, proporcionando ganho de tempo e consequentemente produção por hectare.
- Polia:
A polia, instrumento de engenharia tão útil até os dias de hoje, surgiu dentre uma das causas apontadas pela necessidade de manuseio de grandes volumes nos processos cervejeiros, além do uso nas grandes construções da antiguidade.
- Uso do coque como combustível (1642):
O uso do coque como fonte combustível permitiu uma importante mudança nos processos cervejeiros: a secagem do malte sem torra – o que permitiu o surgimento de cervejas de cor mais intensa sem características tão evidentes de tosta ou torra, como o caso das Pale Ales;
- James Watt (1700): Máquina a vapor
A invenção da máquina a vapor foi a a matriz precursora da Revolução Industrial, sem sombra de dúvida. Fato relevante é que ela também impulsionou a produção de cervejas em escala industrial, dada a possibilidade de fornecimento em larga escala de forma muito mais prática e precisa de calor necessário às etapas quentes do processo, bem como mecanização de etapas até então efetuadas via trabalho braçal.
- Louis Pasteur e Christian Hansen (1883) – avanços nos estudos sobre leveduras:
Engana-se quem pensa que a evolução dos processos fermentativos se deu com base apenas na necessidade da medicina de descobrir a cura para uma série de doenças que assolavam a população. Os estudos sobre bactérias e fungos avançou exponencialmente graças ao patrocínio das cervejarias, interessadas em conhecer melhor os mecanismos fermentativos e as características que esta integralizava à bebida. Na realidade, a descoberta da Penicilina por Louis Pasteur, primeiro antibiótico oficialmente produzido, se deu em grande parte graças ao apoio financeiro das cervejarias, o que possibilitou que o mesmo pudesse se dedicar também a outros estudos, e que consequentemente levaram à descoberta do antibiótico. Há indícios hoje que a cerveja produzida na Suméria há mais de 2 mil anos já possuía contaminação por uma espécie de fungo com características antibióticas, fato este que tem sido alvo de diversos estudos, com resultados afirmativos em relação ao tema.
- Gabriel Fahrenheit (1709/1714) – invenção do termômetro a álcool e mercúrio, respectivamente:
A invenção do termômetro teve como um de seus principais motivadores a necessidade de controle de temperatura nos processos cervejeiros, muito imprecisos até então. Tal controle possibilitou evolução significativa na repetição de receitas e controle de qualidade mais rigoroso no processo produtivo. Embora a criação do termômetro seja atribuída à Galileu, Fahrenheit foi o primeiro a superar todas as dificuldades de precisão com a invenção do termômetro a álcool, e principalmente, da versão com mercúrio.
- Daniel Wheeler (1817) – “tambor torrador”, para a torra do malte:
O tambor torrador assemelha-se em princípio de funcionamento ao conhecido hoje como secador rotativo. Tecnologia utilizada hoje nos mais diversos setores, desde mineração, secagem de grãos e outros materiais diversos, teve sua criação motivada pela necessidade de efetuar a torra do malte sem usar turfa. Tal processo permitiu a criação de cervejas com malte torrado sem os aromas e sabores característicos da turfa.
- Carl von Linde (1859) – refrigeração artificial:
A refrigeração artificial foi uma verdadeira revolução no universo cervejeiro e para a humanidade como um todo. Limitada pelas condições climáticas em muitos locais, antes da sua invenção a fabricação de cervejas da família das Lagers só era possível em determinadas regiões do globo e em certas épocas do ano. Na Alemanha, uma maneira de driblar isto era utilizar frias e úmidas cavernas para armazenar os tanques de cerveja em fermentação e maturação deste estilo (Lagern, do alemão, significa armazém). A primeira geladeira gigante ou câmara frigorífica surgiu para resfriar os maravilhosos tanques de cervejas da família das lagers, cuja temperatura de fermentação e maturação ( 0 a 12oC) é muito mais baixa que a temperatura média ambiente na maior parte dos países, mesmo nos mais frios.
É… devemos muito à cerveja!
Por: Diogo Quirino Buss